Geralmente as coisas nunca ficam em um único ‘patamar’
quando o que fazemos é a nossa realização verdadeira e por isso a questão não
é só escrever por aqui, mas criar projetos presenciais e estar envolvida
constantemente com cursos e estudos que possam ser úteis para pais e profissionais
que lidam com a aprendizagem humana. Outro objetivo é escrever também para
outros meios; sites, blogs ou jornais parceiros.
Quando escrevi o artigo que lerão logo abaixo, o enviei ao
jornal na quinta, dia 09, logo cedo, como faço todas as quintas. A Folha do
Estado publica no domingo, como muitos de vocês já sabem. Nesta semana ocorreu
um fato que me deixou imensamente contente, afinal, toda vez que percebo que
estou conseguindo escrever coisas bastante significativas para vocês a
satisfação é maior. Alguns artigos consigo perceber o interesse pelas curtidas
recebidas ou mensagens in box pelo facebook, que é por onde mais recebo
comentários (e-mail moderno da nossa geração…rsrsrs). Dessa vez a percepção foi
diferente, porque antes da Folha publicar eu já estava toda orgulhosa. O que
aconteceu é que no mesmo dia, no início da tarde assisti uma palestra virtual
com o renomado César Coll, da Espanha, ao vivo. O tema era sobre a educação do
século XXI na perspectiva da relação escola e família.
Para explicar suas reflexões César Coll deixou claro por
meio de repetidas explicações que a escola não pode mais ser regida pelos
currículos sobrecarregados onde o aluno não constrói a habilidade de aprender a
longo prazo. Nem vou contar mais nada porque em breve farei um post novinho
para contar sobre essa palestra. Agora leiam o artigo que eu já tinha escrito e
inclusive enviado para a redação da Folha, analisem o quanto as reflexões se
complementam. Bem gostoso pensar que estou conseguindo trazer aqui para o blog,
para os meus leitores, temas que às vezes podem até parecer já ‘batidos’, mas
na verdade estão sendo discutidos atualmente com novas e esperançosas perspectivas.
O aprendizado e suas essências
Jornal Folha do Estado – 12/05
A capacidade de construir constantemente novas aprendizagens
é sempre essencial para situações diversas da vida. Seja simplesmente para
fazer uma boa leitura e obter uma interpretação adequada, criar novas metas de
vida, se adequar a etapas diferentes, até construir complexos projetos profissionais.
Aqueles que desenvolveram ao logo da vida o dom de construir
continuamente novas aprendizagens conseguem algumas vantagens tanto no aspecto
profissional, como em outras áreas da vida, desde questões do equilíbrio
emocional, aprimoramento do convívio social, entre outros aspectos, afinal,
para tudo na vida faz diferença estar disposto a reconstruir o que já se sabe.
Jornalistas, empresários, professores, engenheiros, médicos,
agricultores, enfim, todas as áreas de atuação profissional exigem leituras e
estudos para a execução de seus trabalhos. Certamente, os que passaram por uma
experiência positiva de contato com os processos de construção de aprendizagem
apresentarão maior facilidade para interpretar, criar e estabelecer sempre
novas metas de sucesso profissional.
Ainda que muitas pessoas tenham conquistado e construído uma
excelente carreira profissional com poucos anos de estudo formal, ainda assim,
para continuarem como profissionais competentes, atuantes e atualizados
precisarão sempre do processo da aprendizagem, seja para ler, interpretar,
apresentar palestras ou projetos. O dom da aprendizagem é realmente um
diferencial facilitador de muitas situações da vida.
No meu entender, o aprender tem muita semelhança com a
habilidade reflexiva. Geralmente, as pessoas estudiosas (sentido amplo) são
mais reflexivas, gostam muito de construir novos conhecimentos, leem
constantemente, desde livros, jornais e vários sites da internet, assistem
filmes, ou seja, gostam do envolvimento com o novo, buscam sempre conhecer algo
diferente. O hábito de ler novos livros, conhecer assuntos variados e assistir
filmes é uma busca pela descoberta do novo e quem sempre busca novas
aprendizagens é mais reflexivo.
Pessoas assim conseguem dialogar sobre uma ampla gama de
assuntos, estão sempre atualizadas sobre seu campo de trabalho e sobre outros
assuntos também.
Nesse contexto penso que é bastante salutar indagarmos: como
é que nós, pais, e escolas estamos incentivando em nossas crianças a
habilidade, ou melhor, o gosto pela descoberta do processo constante de
aprendizagem?
Nas escolas e em casa incentivamos a busca por novos
conhecimentos? A escola se faz no seu dia a dia por meio de projetos que
incentiva os alunos a buscarem seus próprios conhecimentos ou ainda existe
muita passividade na aprendizagem? Cópias, incansáveis leituras prontas dos
livros didáticos, muitas vezes bastante distantes dos projetos que os
professores desejariam desenvolver. As escolas e os pais estão atentos para o
que vem de dentro das crianças? O que elas estão procurando aprender de novo e
que é resultado da busca interior, que provém dos seus próprios interesses?
Será que nossas escolas e nós enquanto família, ainda não
estamos trabalhando demais com questões de fora para dentro? Se as crianças
desde cedo aprendessem mais vezes a reconhecer seus próprios interesses e
conseguissem sair em busca das suas aprendizagens não seriam melhores
construtores de novas aprendizagens ao longo de toda a vida?
Sinto-me uma dessas pessoas com imenso prazer por novas
aprendizagens. Abro jornais, revistas e livros com grande desejo por coisas
novas e ricas de conteúdos. Estou sempre em busca de leituras que dialoguem com
meus pensamentos. Mas estou certa de que infelizmente não aprendi isso na
escola, aliás, vivi momentos de muito sofrimento na fase escolar da infância,
tinha problemas de vínculo com os professores.
Essa minha busca que parece não cessar nunca é totalmente
uma influência dos meus pais que a vida toda incentivaram leituras diversas e
sempre estimularam a construção de novos conhecimentos. Gostaria imensamente de
ter lembranças destes incentivos também por parte da escola.
Recentemente ouvi uma palestra virtual onde uma mãe, também
professora, falava de suas preocupações sobre o tanto que a vida é rica de
informações, bem além daquilo que ela percebe na escola dos seus filhos. Não é
algo pertinente para refletirmos? Os professores não precisam urgentemente de
uma abertura maior, para além dos currículos rígidos a serem seguidos?
Não relato aqui a
minha história. Não abordo a importância do estímulo na construção constante de
aprendizagem somente a partir das minhas lembranças pessoais, bem além disso
transcrevo em forma de artigo o que ouço de muitas pessoas ao meu redor. Várias
delas também são profissionais na escola em busca de mudanças de paradigmas, na
luta por uma estrutura curricular mais significativa.
“A maneira como ensinamos e aprendemos vive um momento
crucial que só acontece a cada milênio”, diz Salman Khan – autor do livro ‘Um
mundo, uma escola’ conhecido mundialmente pelas aulas gratuitas na internet por
meio da Khan Academy.
Que sejamos a geração responsável por mudanças
qualitativas, pois a escola não pode ser mais o espaço onde se estuda vários
conteúdos e depois grande parte fica apenas no esquecimento.
Com carinho, Roberta.
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